Sessão Especial do Senado para Comemorar os 75 anos da Ufologia

Por Patrícia Saldanha

No último dia 24 de junho (2022) foi realizada uma Sessão Especial Histórica no Senado Federal, dedicada a comemorar o Dia Internacional da Ufologia. Esta foi a primeira vez que o tema foi tratado no parlamento brasileiro, em uma sessão pública especialmente dedicado ao assunto, graças ao Requerimento nº 193/2022 do senador Eduardo Girão (Podemos/CE) e aos senadores Eliziane Gama (Cidadania/MA), Alessandro Vieira (PSDB/RS), Izalci Lucas (PSDB/DF), Jorge Cajuru (Podemos/GO), Marcos Do Val (PPS/ES ), Paulo Rocha (PT/PA) e José Antônio Reguffe (União Brasil/DF ), que assinaram o protocolo aprovando a realização do evento.

Expressivos nomes da Ufologia nacional e internacional ocuparam a tribuna da Casa e discorreram por mais de 5h sobre as evidências do fenômeno UFO em todo o nosso globo, apresentando farta documentação. O acobertamento que governos de diversos países fizeram às informações sobre os avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados também foi abordado durante as palestras no Senado, com destaque para a atuação do governo dos Estados Unidos, que desde o Caso Roswell, no Novo México (USA), em julho de 1947, adotou uma política de sabotagem às informações.

Os documentos apresentados pelos palestrantes foram encaminhados ao senador Eduardo Girão, juntamente com a Carta de Brasília, entregue pelo editor da Revista Ufo, Ademar José Gevaerd. Na carta, a Comissão Brasileira de Ufólogos expõe tudo o que já foi apurado sobre OVNIS no Brasil e recomenda procedimentos que acreditam ser necessários para lidar com o tema. O principal item que o documento traz, segundo Gevaerd, é uma solicitação aos senadores para criarem uma Comissão Mista de Pesquisas Ufológicas, com a participação de civis e militares. O senador Eduardo Girão agradeceu pelo recebimento dos arquivos ufológicos e se comprometeu em protagonizar uma interface com o Ministério da Defesa para solicitar a abertura de todos os documentos sobre o fenômeno Ufo no Brasil.

Durante a fala no plenário, Ademar Gevaerd informou que a Força Aérea Brasileira já liberou 20 mil páginas de documentos sobre avistamentos de OVNIs no país e os disponibilizou no Arquivo Nacional, em Brasília, onde os interessados precisam marcar hora para consultar as informações, tamanha é a procura pelos documentos. Ele lembrou a campanha Liberdade de Informação Já, protagonizada pela Comissão Brasileira de Ufólogos nos anos 90, como sendo a grande responsável pela liberação desses documentos. “A abertura dos documentos oficiais no Brasil começou a partir de 2007 e teve um início muito profícuo, porém, ela ainda é parcial, falta muita coisa, principalmente os documentos da Marinha e do Exército”, afirmou.

UFOS Sobre Bases Militares

Depoimentos contundentes de testemunhas de avistamentos de Objetos Voadores Não Identificados deram a tônica das palestras no plenário do Senado, tais como o do ex-capitão da Força Aérea Norte-Americana, Robert Lambert Salas, responsável pelo esquadrão de lançamento de mísseis intercontinentais (Minuteman), da Base Aérea de Malmstrom, no estado de Nevada (EUA), nos anos 60. Ele disse que em 1967 UFOS sobrevoaram a base e desativaram 10 ogivas, em poucos segundos. Até aquele momento desconhecia a ocorrência de caso semelhante, mas ao investigar o assunto ficou sabendo de um caso idêntico em uma base de lançamento de mísseis a 20 milhas de Malmstrom, alguns dias antes, onde outras 10 ogivas nucleares foram desativadas.

Robert Salas disse que estes avistamentos não foram casos isolados e que houve outros registros de OVNIs sobre bases de lançamento de mísseis nos Estados Unidos, mesmo assim, a Força Aérea Norte-Americana não fez relatório algum a respeito, pelo contrário, estimulou o encerramento das investigações sobre estes incidentes. Ele citou o exemplo da Investigação Condon, que envolveu pesquisadores de várias universidades e foi coordenada pelo agente do FBI, o professor de Física da Universidade do Colorado, Eduard Condon, contratada para esclarecer a população sobre os rumores de UFOS sobrevoando bases militares e desativando mísseis, mas que na verdade, segundo o ex-capitão Salas, desde o início tinha o objetivo de desmentir os avistamentos. Com base nesta investigação, a Força Aérea dos Estados Unidos decidiu encerrar o Projeto Blue Book, que tinha o objetivo de apurar os avistamentos ufológicos no país. “Disseram que não havia motivos para continuarem os trabalhos, que não havia perigo algum à segurança nacional, mesmo sabendo que 20 ogivas nucleares haviam sido desativadas por OVNIs”, lamentou o ex-capitão.

Salas disse que a partir destes episódios algumas conclusões ficaram evidentes, como a preocupação que estes objetos têm com o uso de armas nucleares. Foi a partir de 1944 que os avistamentos começaram a ser registrados, época do início dos testes da primeira bomba atômica, além do fato de que OVNIs foram vistos sobrevoando bases militares onde foi desenvolvido Plutônio para as primeiras bombas e um UFO também foi avistado no local do teste da primeira detonação.

Casuística Brasileira

Os ufólogos brasileiros apresentaram vasta documentação sobre o fenômeno OVNI no Brasil, especialmente o pesquisador Jackson Luiz Camargo, analista de documentação oficial e consultor da Revista UFO. Ele apresentou um relatório detalhado sobre os eventos que envolveram “A Noite Oficial dos UFOS” no Brasil, ocorrida em 19 de maio de 1986, demonstrando que o evento foi bem maior do que o informado nas duas entrevistas coletivas concedidas por oficiais da Força Aérea Brasileira. “Foram 13h de manifestações, com milhares de testemunhas”, afirmou Jackson.

Ele pesquisou em diferentes fontes documentais e nos relatos de pessoas que presenciaram os fenômenos, disse que os avistamentos começaram por volta das 17h, do dia 19 de maio , na zona rural da localidade de Santa Isabel, em São Paulo, e se expandiram por vários municípios do estado e também no Rio de Janeiro, Minas Gerais e Goiás. Até mesmo no país vizinho, o Uruguai, foram verificados relatos de avistamentos na mesma noite que os OVNIs eram vistos no Brasil. A Noite Oficial dos Ufos foi um dos mais expressivos casos da Ufologia brasileira, com avistamentos de até 20 objetos luminosos que faziam manobras aéreas improváveis, acompanhavam o voo dos caças que foram enviados para interceptá-los, para logo após sumir dos radares a velocidades ultrassônicas.

Entre as testemunhas deste caso estava o ex-coronel Ozires Silva, na época Presidente da Petrobrás. Ele voava em uma aeronave Xingu, em companhia do comandante Alcir, no trajeto Brasília/São Paulo, quando foram alertados pelo comando aéreo sobre a presença de OVNIs. A partir daí avistaram as luzes e tentaram se aproximar delas, mas só conseguiram observá-las a uma razoável distância. Um destes objetos, segundo apurou Jackson em suas investigações com testemunhas em terra, era especialmente grande, com cerca de 1.500 metros de comprimento, seguido por objetos menores. Na mesma noite houve o registro da passagem de OVNIs sobre o Centro de Instrução da Marinha, no Gama (DF), presenciada por 120 militares que estavam de plantão.

Nas duas entrevistas coletivas que deram à imprensa, militares brasileiros prometeram um relatório sobre o caso dentro de 30 dias, mas as informações só foram divulgadas, segundo informou Jackson, cerca de 30 anos depois. No documento a Força Aérea Brasileira informou que os UFOS variavam de velocidade de ordem subsônica até a supersônica, bem como mantinham-se em voo pairado, além de possuírem uma capacidade de acelerar e desacelerar de modo brusco, incompatível com toda a tecnologia conhecida sobre aeronaves. Como conclusão disseram que os objetos aparentavam ser sólidos e refletiam inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores, além do fato de voarem em formação. O relatório informa ainda que não houve comprovação se os objetos eram tripulados ou não.

Finalizando a apresentação, Jackson Luiz Camargo fez um apelo às Forças Armadas para que disponibilizem toda a documentação existente sobre avistamentos ufológicos no Brasil, permitindo um estudo maior sobre o fenômeno e a conscientização da população de que trata-se de um fato real. Ele destacou a importância da criação de uma Comissão Parlamentar Mista para estudar o fenômeno OVNI no Brasil, com a participação dos militares, a fim de preparar a população para um possível contato com inteligências extraterrestres.

Vários outros relatos sobre a casuística ufológica brasileira foram apresentados na Sessão Especial do Senado, amparados por documentação oficial, fotografias e depoimentos. Outro caso bastante detalhado foram os fatos que desencadearam a Operação Prato na região de Colares, município do estado do Pará, no ano de 1977. A operação foi realizada por uma equipe da Aeronáutica, sob o comando do coronel-aviador Uyrangê Holanda, após as Forças Armadas receberem vários pedidos de proteção por parte de prefeitos e vereadores de municípios na região, assustados com a presença de estranhas luzes voadoras que estavam atacando a população. O relato do próprio comandante Uyrangê, dado aos pesquisadores Ademar Gevaerd e Marco Antônio Petit, após 20 anos de silêncio sobre a operação, foi surpreendente e discorreu sobre o avistamento de naves e seus tripulantes na região da Amazônia brasileira. Segundo informações do comandante aos ufólogos, o relatório final da Operação Prato, juntamente com 26h horas de vídeos gravados, foi entregue ao Comando Maior da Aeronáutica. Até hoje este material não foi integralmente liberado.

Nota: As imagens utilizadas foram extraídas do vídeo da transmissão ao vivo da TV Senado – Sessão Especial do Senado Federal em comemoração dos 75 anos do Dia Mundial da Ufologia.

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