Autor desconhecido.
Tradução de Alberto Francisco do Carmo**
Nas últimas décadas, pesquisadores sérios têm temido pelo futuro da ufologia como uma área legítima de estudos. Obviamente sempre houve elementos periféricos ligados aos UFOs que acabaram por gerar um conceito popular errôneo de que todos os ufólogos são desvairados.
Talvez esses elementos existam em maior quantidade que o número de investigadores menos impressionáveis; mas recentemente, parece que o ufólogo verdadeiramente científico é uma espécie em extinção.
Talvez parte do problema se deva ao papel insistente da mídia nos anos 80 e 90 de explorar o aspecto de cultura pop dos UFOs. Longe de ser um plano obscuro do governo para preparar o público para um contato com seres alienígenas, o uso de imagens relacionadas aos UFOs têm um valor financeiro.
Para os noticiários e programas de entretenimento, quadros sobre UFO atraem audiência. Por exemplo, a Globo teria se incomodado em tratar do caso Varginha, se ninguém assistisse? Para os interesses publicitários e comerciais, os UFOs são apenas uma contracultura com poder suficiente para as gerações atuais e futuras de consumidores.
Discos voadores acompanhados de um bom marketing geram R$.
Mas o que isso tem a ver com o declínio da ufologia? Bem, faz muito tempo que a mídia não se importa com acuidade, uma vez que o sensacionalismo atrai audiência e, portanto, renda. Qualquer um pode se dizer ufólogo – um dos principais problemas da área – e não precisa ter conhecimentos de ciência e tecnologia para sustentar tal afirmação. A pessoa pode dizer o que quiser e, geralmente, isso atrai a atenção da mídia. A ufologia, portanto, está prejudicada de um modo geral porque a imagem gerada por escolha da mídia é aquela que descreve o campo da ufologia como infestado de canalizadores, contatados, cultistas e trapaceiros.
Alguns críticos argumentam que a promessa de fama atrai não só fraudes, mas também pesquisadores sérios dispostos a comprometer sua integridade pela luz da fama. Isso é algo difícil de provar, uma vez que a maioria dos pesquisadores de nível se envolve com estudos de abduções alienígenas, que, por natureza, são alegações sensacionais. É o assunto, não o pesquisador, que atrai atenção. Um investigador que tenha resolvido se especializar em abduções antes que o tema virasse moda, não pode ser culpado pela fama que recebe agora.
Por outro lado, há especialistas que apoiaram e continuam apoiando casos altamente questionáveis que atraem extensa atenção da mídia.
É tentador julgar esses ufólogos precipitadamente e condená-los, principalmente se defendem um caso que já foi concluído como farsa. Mas o envolvimento desses pesquisadores com esses casos não é necessariamente, motivado por dinheiro ou fama. É perfeitamente possível que eles achem que determinados casos questionáveis mereçam um estudo mais profundo. Isso significa que mesmo que eles estejam enganados, não são necessariamente mentirosos deliberados que nem possam conduzir uma pesquisa séria. O próprio Einstein cometeu erros de cálculo.
O problema principal é, portanto, controle de qualidade: Quem é qualificado para pesquisar UFOs?
Seria exagero exigir que somente indivíduos altamente graduados se tornem ufólogos. Essa exigência ignoraria a rica tradição das contribuições amadoras a ciências como botânica, zoologia, geologia e astronomia.
Entretanto, mesmo o amador deve conhecer a sua ciência, se quiser contribuir. Os mesmos padrões devem ser exigidos de um ufólogo.
Consideremos que um ufólogo deve ter um conhecimento prático de uma vasta gama de ciências físicas. Astronomia, por exemplo, é útil para eliminar estrelas, planetas e meteoritos da casuística sobre UFOs. Nos casos em que se alegam marcas físicas, o ufólogo precisa reconhecer os efeitos de relâmpagos, ou de doenças com fungos e da grama para conduzir uma investigação preliminar. Isso exige bom senso na hora de coletar amostras do solo que podem futuramente ser enviadas para análise independente.
Claro que apurar detalhes é uma atividade que pode tirar a diversão do estudo dos Ufos. Infelizmente muitos grupos só querem se divertir.
Mas a impressão de que a ufologia séria está desaparecendo é falsa. Há muita gente competente fazendo um trabalho respeitável; o que acontece é que esses indivíduos não estão procurando a mídia. E, além disso, simplesmente há um número cada vez maior de apaixonados por discos voadores se infiltrando num campo que não tem o poder de expulsá-los.
Porém, aqueles dentre nós que insistem em padrões superiores perseverarão; nossa curiosidade e dedicação resistirão ao brilho da ribalta.
Notas:
* Título do editor
**Isso foi postado no exterior e eu traduzi na ocasião (2012). Não sei quem é o autor. (Nota do tradutor.)
Imagem destacada de Alberto Francisco do Carmo, publicada em https://www.oarquivo.com.br/extraordinario/ufologia/5196-o-caso-de-bebedouro-brasil-mg.html – visto em 22/03/2021